|
MAHMUD DARWICH
( PALESTINA )
Nasceu na aldeia de Albirwe, na Galileia (Aljalil), Palestina, em 13 de março de 1941.
Poeta da solidão, do exílio, da interioridade, da transcendência, mas também da resistência, é considerado um dos maiores escritores de língua árabe, com mais de cinquenta títulos publicados até sua morte em 9 de agosto de 2008.
Darwich foi, e ainda é, amado e admirado não apenas por falantes da língua árabe, mas também pelos leitores das mais de vinte línguas para as quais sua extensa obra foi traduzida.
A primeira edição em árabe foi publicada em 1964 em Haifa.
 |
DARWICH, Mahmud, 1941-2008. Folhas de Oliveira.
Tradutor: Alexandre Chareti. Rio de Janeiro: Tabla,
2005. 80 p. Tradução do original em árabe: Awraq
Azzaytun. ISBN 978-85-92632-29-8
Exemplar da biblioteca de Salomão Sousa.
Lealdade
Carreguei sua voz no coração e nas veias
então tanto faz você desistir de minha luta.
Alimentaria o vento com o verso e seus enfeites
não fosse espadas de fogo minha rima.
Confiei na letra, sendo eu morto ou nulo
ou quem alça ao inimigo a corda da forca.
Confiei na letra como um fogo...não faz mal
eu ser a cinza e ele a tirania.
Se eu cair e a bandeira continuar erguida
escreverão sobre meu túmulo:
Está vivo.
Morte na selva
Durma...
o olho de Deus dorme
não nos vê, e aqui estão os bandos
de melros, o carvalho, o caminho.
Feche as pálpebras de peito físico,
Treze estrelas se apagaram
na trilha das ilusões do destino.
Não há mais nada
acabou o conto de menina
o pensamento silente não inspira.
Ferida pequena... e o ferido morre
nas dobras da noite, como as lendas.
Sua história é o suspiro da lavoura
que uma mão maligna assalta.
A lavoura acabou
a cotovia já não bica, o vigia não grita
e gotas de luz definham s
nos ramos sagrados da oliveira.
Nada conclama ao cantar triste
a morte é maior que meus hinos.
Canto do exílio
Quando volto para casa
sinto a desolação da casa
perco todas as rosas de minha vida
e o segredo das fontes de luz no âmago de minha tragédia
e se resguardo o sofrimento, amada, é porque estou só
sem a ternura de suas mãos
sem a primavera de seus olhos.
*
VEJA e LEIA outros poetas do mundo em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesiamundialportugues/poesiamundialportugues.html
Página publicada em novembro de 2025
|